olha eu aqui reinaugurando o blog para falar de um assunto que vira e mexe está nas minhas conversas com amigos.
meses atrás, respondi a uma pergunta na caixinha do instagram onde a pessoa me perguntava quem foi meu mentor na fotografia.
minha resposta pra ela? não tive.
sempre fui uma pessoa muito questionadora (não só com o mundo mas também e principalmente, comigo mesma). acredito, de verdade, que esta minha caraterística me ajudou durante muitos momentos – a reavaliar caminhos, aprender novas coisas e descobrir meu lugar.
a conversa com esta pessoa continuou no direct e foi aí que eu li uma das coisas que mais me fez pensar:
“eu acredito que um grande mentor vem antes do autoconhecimento”, ela disse.
“tive fulano como mentor e me norteou de um jeito que me poupou anos de amadorismo.
foi muito mais forte do que eu estava preparado naquela época.”
pronto.
esta última frase alugou um triplex na minha cabeça por dias (até hoje ainda penso nessa conversa).
me faz pensar muito em como hoje em dia a grande maioria das pessoas procura respostas prontas e soluções milagrosas. e, por procurar isso, muitas vezes colocam os carros na frente dos bois.
mesmo não estando prontos, querem.
mesmo não estando prontos, fazem.
e acham que isso trará o tão sonhado sucesso (que muitas vezes, por não se questionarem, nem elas sabem o que significa isso nas suas vidas).
[ aproveitando para abrir uma observação aqui: não sou o tipo de pessoa que acredita que precisamos estar 100% prontos para fazer nada na vida, tá? até porque, em muitos momentos, precisamos é de coragem para dar o primeiro passo, mesmo sem nos sentir 100% prontos.]
meu questionamento é sobre uma maturação natural dos processos.
nesse mundo tão instantâneo que vivemos, tudo é para ontem.
ontem começou a caminhar, amanhã já quer colher (bons) frutos.
fico aqui pensando em como que, nessa pressa de ter tudo pronto o quanto antes, nos colocamos em uma posição de efemeridade.
sabe por quê?
o que é sustentável leva tempo.
o que vai durar, de verdade, precisa de tempo para ser construído, desenvolvido, evoluído.
e não é um tempo qualquer – é um tempo pensado, planejado, estruturado.
eu posso ter 20 anos de fotografia mas se nesses 20 anos nunca sequer sentei para me questionar quem sou, o que meu trabalho significa, onde quero chegar com ele, quais as minhas forças, o que quero comunicar (e esses são só alguns exemplos de questionamentos)… posso até ter conquistado algo e conseguido pagar muitas coisas mas com certeza chegará o momento no qual estarei satisfeita. aquele momento que serei só mais uma na multidão e falta algo.
o que é esse algo?
como o descubro?
veja bem, não acho desnecessário uma mentoria.
inclusive eu mesma já fiz uma, de branding (com a ly takai).
mas muitas vezes percebo que as pessoas acreditam que mentor é quem te dá todas as respostas – prontas – e após a mentoria concluída, todo o sucesso do mundo virá. é aí que muitos se frustram.
um bom mentor, sempre vai partir do lugar do autoconhecimento.
ao invés de dar o “caminho das pedras”, primeiro ele vai sentar contigo, discutir qual o tipo de caminho você quer trilhar e te faz mais sentido, qual pedra é a melhor para a construção desse caminho, quais outros materiais são precisos para começar essa construção e aí sim, vai começar a construir esse mesmo caminho junto contigo e a te orientar para que ele vá longe.
um bom mentor não vai só te falar: “faça isso, isso e isso que vai dar certo.”
um bom mentor sabe que, antes de tudo, você precisa sim se conhecer e acessar lugares muito mais profundos para ter resultados significativos e duradouros.
vai saber que precisamos sim questionar o que nos faz sentido e não só replicar mil e uma dicas que encontramos online.
dá trabalho? Ô!
mas é aquele tipo de trabalho que, uma vez feito, facilita tudo o que vem depois.
quando uma mentoria acaba é aí que o maior trabalho começa.
leva-se tempo para saber quem é.
leva-se tempo para saber onde quer chegar.
leva-se tempo para aplicar.
leva-se tempo para colher.
e nada disso vai acontecer sem antes, você se olhar.
quando sabemos em qual direção iluminar, muito melhor – e mais eficiente – será o caminhar.